Início património fabrico de chocalhos

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Aguiar   Alcáçovas   Viana do Alentejo Geral

DATA
Séculos XVIII-XXI

FOTOGRAFIA
Chocalhos
Joaquim Filipe Bacalas - 2016

TEXTO
Paulo Lima - 2017

Fabrico de chocalhos



Na segunda metade do séc. XVIII, a paisagem económica da vila de Alcáçovas, Município de Viana do Alentejo, sofre uma profunda alteração com o surgir do fabrico de chocalhos.
A partir de 1750/60, um conjunto de famílias começam a dedicar-se a esta atividade industrial e, nos finais dessa centúria, há referências a cerca de 20 chocalheiros, tornando-se Alcáçovas o maior centro fabricante de chocalhos em Portugal e um dos maiores da Europa.
A origem desta indústria em Alcáçovas não é ainda clara, mas poderá estar relacionada com a vinda de ovinos de raça merina, por volta de 1750, para Montemor-o-Novo.
Ao longo dos séculos seguintes, e até à II Guerra Mundial, esta arte do fogo foi-se afirmando, iniciando-se, a partir deste período, uma longa e lenta decadência. Hoje, apenas duas famílias ainda fabricam: os Maias e os Sim Sim. Os primeiros, procurando uma semi-industrialização e os segundos com uma difícil continuidade.
Esta arte, que existe em outro países, em particular Espanha, França, Itália, Suíça e Alemanha, tem em Portugal particularidades muito interessantes, já que aqui sobreviveram técnicas muito antigas de fabricar e de afinar.
A par do fabrico de chocalhos, por volta de 1900, um chocalheiro Sim Sim, António Carvalho (1897-1968), iniciou a atividade de esquilaneiro, ou seja, fundição de esquilas e de outros objectos associados à produção e maneio de animais. Mudança que parece acompanhar uma tendência nacional e internacional, já que este fenómeno surge na mesma data em Reguengos de Monsaraz e em França.
Por razões várias, estas duas artes estão hoje em extinção. Em Portugal apenas em oito(?) locais ainda se fabricam chocalhos e em muito menos se fundem esquilas.
Em Alcáçovas, onde chegaram a trabalhar em simultâneo dezenas de oficinas, hoje apenas duas continuam a laborar e uma terceira abre regularmente, mas sem produção.
Dos cerca de uma dúzia de chocalheiros portugueses, apenas metade saberá produzir qualquer tipo de chocalho e afiná-lo.
Em 1 de Dezembro de 2015, o Fabrico de Chocalhos em Portugal foi inscrito pela UNESCO na Lista do Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente. Este pedido de inscrição, numa procura de salvaguardar este bem patrimonial da extinção, teve como promotor a Turismo do Alentejo, ERT, em protocolo com a Junta de Freguesia de Alcáçovas e a Câmara Municipal de Viana do Alentejo.

     MUNICÍPIO DE VIANA DO ALENTEJO

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