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Aguiar   Alcáçovas   Viana do Alentejo Geral

DATA
1893-1968

FOTOGRAFIA
Escola Industrial
Postal da Colecção Privada de Iria Cardoso, c. 1910 

TEXTO
Fátima Farrica - 2015

Escola Industrial Médico Sousa


 

Também conhecida por escola de olaria, escola-oficina e fábrica de cerâmica, a sua criação foi promovida por António Isidoro de Sousa, em 1893, no âmbito da acção da União Vinícola e Oleícola do Sul. A designação dada à escola é uma homenagem ao seu pai, António José de Sousa, que foi médico em Viana a partir de 1843.
Esta foi uma das primeiras escolas industriais de Portugal e, segundo João Sousa crê, a primeira vocacionada para o ensino da olaria. Os objectivos de António Isidoro de Sousa eram o ensino prático dos processos relativos aos ofícios de oleiro, de forneiro de louça e de pintor cerâmico e que nas férias existisse também um curso de desenho aplicado à olaria, ministrado por um professor das escolas industriais. A administração disciplinar e financeira competia à União e a direcção e a inspecção técnica ao ministro das Obras Públicas, Comércio e Industria que, em 1893, era Bernardino Machado. O mesmo que ordenou a criação oficial da escola a 28 de Outubro desse mesmo ano. 
Para a criação efectiva da escola houve a contribuição financeira da União (à qual António Isidoro de Sousa emprestou parte do dinheiro), do Instituto de Piedade e Beneficência, da paróquia, da câmara municipal e da população, por subscrição pública. O Ministério das Obras Públicas investiu uma pequena quantia. 
Em 1894, o curso de desenho era ministrado à noite na ermida de São Sebastião com uma frequência de 47 pessoas. 
O intuito da criação da escola era o de ensinar as classes populares, dando-lhes um ofício e, logo, um meio de subsistência, ao mesmo tempo que se estimulava a economia local. Pretendia-se mão-de-obra especializada para assegurar uma produção constante no tempo e no espaço. A escola democratizou o acesso aos métodos e técnicas do trabalho do barro que antes se fechavam apenas em algumas famílias de oleiros. 
Teve mestres e professores notáveis, tais como o mestre Francisco Lagarto, de grande qualidade enquanto mestre oleiro e de elevadas qualidades humanas; o pintor Júlio Resende, que terá sido o precursor da pintura em cerâmica em Viana; e o professor Aníbal Alcino, que modernizou os métodos de trabalho e de ensino. 
A escola entrou em declínio em 1900 acompanhando o declínio da própria União que acusava dificuldades financeiras.  
Já em 1948 a escola foi transformada em oficina de olaria na dependência da Escola Industrial e Comercial de Évora (hoje Escola Secundária Gabriel Pereira). Mas no ano lectivo de 1953/1954 atingiu cerca de 70 alunos, sendo este o ano mais brilhante da sua existência.
Em 1964 a oficina foi transformada em Ciclo Preparatório, continuando, no entanto, na dependência da escola de Évora. Todavia, em 1968, o Ciclo Preparatório tornou-se independente da escola de Évora e a escola passou a ser designada Escola Preparatória António José de Sousa. A olaria deixa, então, de ser uma disciplina individual para passar a estar inserida na disciplina de Trabalhos Manuais.


REFERÊNCIAS
ALCINO, Aníbal, Um professor no Alentejo: crónicas, s.l., Câmara Municipal de Viana do Castelo, 1989.
BANHA, Luís Miguel, ILARVS: Contributos para o estudo da olaria tradicional de Viana do Alentejo, Viana do Alentejo, Câmara Municipal de Viana do Alentejo, 2014.
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal: Distrito de Évora: Concelhos de Alandroal, Borba, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Viana do Alentejo e Vila Viçosa, Lisboa, Academia Nacional de Belas-Artes, 1978,Tomo IX, Vol. 1.
GAMEIRO, Fernando, Com engenho e arte: ensino técnico em Évora durante a I República: a Escola Industrial e Comercial Gabriel Pereira, Lisboa.Évora, Colibri.CIDEHUS-UE, 2011, (Biblioteca Estudos & Colóquios, 26).
SOUSA, João Manuel Santana de, História da Primeira Adega Social Portuguesa, Viana do Alentejo, Câmara Municipal, 1993.

     MUNICÍPIO DE VIANA DO ALENTEJO

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