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Aguiar   Alcáçovas   Viana do Alentejo Geral

DATA
Desde 1516

FOTOGRAFIA
Santa Casa da Misericórdia
Fátima Farrica, 2015

TEXTO
Fátima Farrica - 2015

Santa Casa da Misericórdia de Viana do Alentejo


 


As Misericórdias são instituições cristãs de assistência social existentes em Portugal desde 1498 e destinaram-se a auxiliar a população carenciada de forma bastante abrangente: os pobres, os doentes, os presos, os orfãos e as viúvas.
Pese embora as dúvidas que têm existido sobre a data da fundação da Santa Casa da Misericórdia, podemos hoje afirmar que foi fundada em 1516, no mesmo ano em que D. Manuel I atribuiu à vila o foral da Leitura Nova. No entanto, a instituição só foi confirmada por alvará régio, de D. João III, de 15 de Dezembro de 1525. 
A perda de documentação da Misericórdia ao longo dos séculos faz com que hoje não seja possível conhecer a sua história mais recuada a não ser de forma pontual e, por vezes, indirecta. Porém, está identificado um alvará régio, de 20 de Setembro de 1608, que determinava que quem desempenhasse funções de provedor, escrivão ou membro da Mesa só podia ser reeleito passados três anos sobre a ocupação do cargo pela última vez.
Ser provedor de uma Misericórdia foi sempre um cargo de prestígio social, desempenhado pelos mais proeminentes das localidades. No caso de Viana, Rodrigo de Vilalobos é o mais antigo provedor de que há registo conhecido, no desempenho do cargo, supostamente, em 1543, e, concretamente, em 1551. Já para o século XVII, conhece-se a existência em Viana de indivíduos da elite local com este mesmo apelido e a toponímia rural na área envolvente da vila também o registou.
Ainda no século XVI – com indícios para o primeiro terço do século, segundo Túlio Espanca – foi construída a igreja da Misericórdia, dentro do aro do castelo Possivelmente, o espaço ocupado pelo edifício foi cedido pela câmara que também funcionava dentro do recinto amuralhado.
Também em data incerta do mesmo século foi integrada na Misericórdia a albergaria ou hospital pré-existente, de origem medieval, anexo à igreja de Nossa Senhora da Graça. 
Já no século XIX os fins da irmandade continuavam a ser os primitivos, ou seja, prestar culto a Deus e exercitar todas as obras de Misericórdia, tanto corporais como espirituais. Continuavam a merecer-lhe especial cuidado sustentar o hospital; prestar socorros domiciliários aos doentes pobres; organizar as festividades religiosas, sufrágios e outros actos religiosos que costumava celebrar; coadjuvar os asilos de órfãos e inválidos da freguesia; promover a nomeação de delegados dos diversos estabelecimentos e corporações de beneficência da vila; prestar socorros domiciliários aos doentes pobres da freguesia de Aguiar; subsidiar o ensino primário para os pobres e conservar e aumentar a biblioteca, fundada em 1855. Até ao século XIX continuava-se a fazer a festa de nossa Senhora da Graça, no dia 15 de Agosto, orago da antiga albergaria. Neste dia eram distribuídas esmolas de pão cozido e de carne às famílias pobres, já determinada no Compromisso da antiga Confraria dos Ovelheiros (1319). 
A Misericórdia possuía também uma botica, ou farmácia, que, tal como o hospital, deveria auxiliar os doentes pobres e que funcionou inicialmente dentro do castelo e mais tarde na praça. 
Existiu ainda uma outra instituição com algum relevo local cuja administração esteve a cargo da Misericórdia. Designava-se Asilo Jesus Maria José e foi criada em 1908 por testamento de D. Inês Maria Bule, documento através do qual deixou os seus bens à Santa Casa para a criação de um asilo para cegas. Este foi inaugurado em 8 de Dezembro de 1914. 
Na actualidade, a Santa Casa continua a pôr em prática os fins para os quais foi fundada tendo atingido em 2016 os seus quinhentos anos de História. 

REFERÊNCIAS
FARRICA, Fátima, "Inventário do Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Alentejo", A Cidade de Évora: Boletim de Cultura da Câmara Municipal (2ª Série), nº 8, 2009, pp. 601-635.
FARRICA, Fátima, No Espaço e no Tempo: Contributos para a História das Instituições de Viana do Alentejo (Séculos XIV-XX), Casal de Cambra, Caleidoscópio, 2015.

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