Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Alcáçovas
Túlio Espanca afirmou que a igreja da Misericórdia de Alcáçovas teve início em 1551, ano em que, a 13 de junho, foi feita uma doação para o efeito, das casas de Margarida Rodrigues, situadas na rua Direita. Todavia, o autor não cita o documento onde se baseou para fazer esta afirmação e esse texto é desconhecido. Além disso, essa data pode não ser a mesma da fundação da instituição. De facto, existe na igreja da Misericórdia uma inscrição em pedra onde se registou: “Edificou-se esta Casa da Santa Misericórdia na era de 1551 a 10 de setembro”. O padre Joaquim Pedro de Alcântara também refere esta inscrição, deixando em aberto a possibilidade de que aquela data possa corresponder à da provável fundação. No entanto, também regista que “outra notícia diz que se acabou” naquela data. Mas não cita a fonte de informação. Na realidade, não seria possível edificar-se a igreja em tão curto espaço de tempo (entre junho de setembro) pelo que, depois da doação do espaço feito em junho, as obras da igreja devem ter tido início em setembro. E a Misericórdia teria sido fundada nesse mesmo ano ou pouco antes. No Arquivo da Santa Casa da Misericórdia, cuja organização e inventariação terminou em 2017, não se encontrou documento referente à fundação da Casa e a data mais antiga aí registada remonta a 1575.
Por volta de 1751 a irmandade terá chegado a ter três capelães, o que significa que os serviços litúrgicos eram avultados, talvez pelo elevado número de dádivas cujos doadores, em contrapartida, solicitavam missas por alma.
A Misericórdia teve um hospital, que funcionou primeiro do lado da rua oposto ao da igreja e depois, ao lado desta. Este último contruído em 1864.
Por volta de 1882/1883 foi edificada a farmácia da Misericórdia e a residência do farmacêutico, bem como uma sala para as sessões da mesa administrativa e arquivo, e outra para arrecadação.
Entre os seus provedores mais antigos estiveram os senhores de Alcáçovas, tal como D. Jorge Henriques que ocupava o cargo em 1684.
REFERÊNCIAS:
ALCÂNTARA, Joaquim Pedro de, Breves Memórias da Villa das Alcáçovas, Évora, Minerva Eborense, 1890.
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Évora. Concelhos de Alandroal, Borba, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Viana do Alentejo e Vila Viçosa, Lisboa, Academia Nacional de Belas Artes, Tomo IX, Vol. 1, 1978.