Estudou na Universidade de Évora, onde obteve o bacharelato em Teologia e se tornou licenciado e mestre em Filosofia. E, paralelamente aos cursos, foi recebendo as sucessivas ordens sacras, até à de presbítero.
Em 1696 matriculou-se na Universidade de Coimbra, mas não chegou a obter o grau de doutor.
Depois de admitido ao exercício paroquial, foi cura e vigário forâneo em Alvito (1697-1707) e, a seguir, vigário forâneo em Viana do Alentejo. Localidade onde também desempenhou a função de confessor das religiosas do mosteiro de Jesus.
Terá sido ele o mentor da inscrição esgrafitada que se encontra no alçado da escada que liga ao piso superior do mosteiro: I.H.S. / LENBREN SE. DA. [DE] IACOB. PELLA QVAL / ANIOS. SOBIAM / E DECIAM (Iesus Hominum Salvator, ou seja, Jesus Salvador do Homens/ lembrem-se da de Jacob pela qual anjos subiam e desciam). A inscrição é uma alusão à escada misteriosa pela qual, segundo o relato do Livro do Génesis, o patriarca Jacob vira em sonhos descerem e subirem os anjos. Esta era uma imagem muito em voga, na tradição mística, que viu nela a aspiração e o movimento da alma para Deus, pela busca da perfeição interior.
António Pais Godinho sobressaiu pelas qualidades oratórias, mas o desempenho da função não era isento de perigos, pois foi alvo de uma tentativa de assassinato a tiro da qual, no entanto, escapou ileso.
Em 1716 foi indicado para terceiro bispo de Nanquim. Cidade populosa, aquela constituía um ponto-chave no centro da China. Atualmente sede de uma arquidiocese da República Popular Chinesa. Na época, António Pais Godinho vivia em Lisboa e foi também nomeado membro do Conselho do Rei, ombreando com os grandes da nobreza e os outros membros do alto clero. Todavia, devido às difíceis relações com aquele país, nunca partiu de Portugal. Renunciou a esse bispado em 1720.
Foi, então, viver para Viana, mas transferiu-se depois para Santiago do Cacém, onde tinha família.
Em 1727 foi chamado para provisor da Arquidiocese de Lisboa, em período de sede vacante, função que exerceu até 1730.
Nesse ano, já liberto de funções oficiais, voltou a Santiago do Cacém.
Todavia, apesar disso, foi escolhido por D. João V para intervir num dos grandes acontecimentos do seu reinado: a sagração da basílica do convento de Mafra, em 1730.
A partir de 1742 regressou a Viana, onde tinha casas nobres na rua de São Francisco, atual rua Teófilo Braga, mais precisamente no prédio hoje identificado com o número 20.
Faleceu em Viana, a 30 de março de 1752, com fama de santidade, ficando o seu corpo com cor de vivo e flexível depois da morte. Uma grande multidão acompanhou as exéquias.
Está sepultado na igreja Matriz de Viana, no cruzeiro, sob o arco triunfal, em campa armoriada.
Sobre a sua vida existe um manuscrito de autor incógnito intitulado Memorial do que pertense às noticias do Exm.o e R. mo Snr. D. Antonio Paes Godinho, conservado na secção de manuscritos da Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa. Faz parte de uma miscelânea, intitulada Varios Papeis Avulsos Colligidos Por Fr. Vicente Salgado e já foi transcrito e analisado por José António Falcão.
REFERÊNCIAS:
Arquivo Nacional Torre do Tombo, Memórias Paroquiais, Dicionário Geográfico de Portugal, Tomo 39, nº 150, pp. 891 a 910.
FALCÃO, José António, Parecer e Ser: Excursus Vital de D. António Paes Godinho, Bispo de Nanquim, no prelo.